quarta-feira, 27 de dezembro de 2017

A casa da pracinha

Fim de tarde, vou tomar um banho. O que vestir? A roupa bonita e confortável da viagem? Não, é domingo, exige mais elegância, um salto, talvez. Talvez não. Estou de férias rsrs.

Acho a melhor opção, um vestido longo, bonito e confortável. Com ele não tem erro, entro em qualquer lugar. 

Ouvindo a voz da mulher chata, porém útil, do aplicativo, chego na primeira igreja, Batista, claro, a segunda opção, já que nazareno aqui não tem. Apegada, fiel ou devota que sou, sempre procuro primeiro a mesma igreja que a minha, embora não importe tanto, pois não quero visitar mas cultuar a Deus.

A Batista é boa, familiar, mas culto só daqui a 40 minutos! Muito para alguém impaciente como eu. Então dou voltas e voltas, e depois de muitas igrejas fechadas em pleno domingo, me resta a última opção: a casinha bonitinha atrás da pracinha que eu via todos os dias. Confesso que, por um pré-conceito, pensei: "esta não". Deve ser Deus me tratando mesmo. 

O grupo de louvor, uma mocinha na bateria e outra de voz e violão tocam uma versão de "ele nos ama". Enquanto eu oro, me cutuca um pequenino e pergunta diretamente "qual é o seu nome?", e eu prontamente respondo alguma coisa que resultou em "Daniela" (já não tenho mais paciência de corrigir meu nome). Depois de uma sequência de louvores gritados e desafinados, o pastor chama um rapaz para cantar, só mais um. Quando ele começou, minha enxaqueca de três dias aumentou. Eu olhei pra ele, e apenas sorri. Era uma adoração verdadeira, sincera e com amor. Os ouvidos eu não sei, mas o coração de Deus certamente se agradou. 

Pouco depois,  surpreendentemente fui apresentada à igreja pelo pastor: "irmã Daniela, seja muito bem - vinda". Deve ter sido o efeito saião. 

Fim de culto. Ao sair, recebo um amplo sorriso de uma moça linda que aguardava do lado de fora em uma cadeira de rodas. Era a pastora Daniela, com paresia das pernas e sequelas motoras nos braços, algo curioso que nunca vou saber. Ela, com seus brilho nos olhos e sua igrejinha feliz fizeram meu encontro com Deus daquele domingo mais interessante e especial. 

Ele não liga para o tamanho do templo, nem pra qualidade do som e da voz, tampouco para as limitações  físicas do servo. Ele procura os verdadeiros adoradores e habita onde é convidado e se agrada do filho fiel.

A casa da pracinha é uma assembléia, de Deus, onde certamente um dia irei voltar.